A psicanálise e a transferência
Monica Nezan |
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Resumo Freud inventou a psicanálise com o apoio das histéricas. Entre os pacientes indicados, uma teve um lugar privilegiado. É Anna O., o primeiro caso relatado nos ‘Estudos sobre Histeria’, que S. Freud e J. Breuer publicam em 1895, demonstrando pela primeira vez que o sintoma histérico responde, reage à palavra. Tal descoberta permitiu a Breuer inventar o método catártico de rememoração sob hipnose. Em 1892, Freud abandonou a hipnose e chegou ao método da associação livre. Freud assinalou o lugar capital da ligação do médico no tratamento da histeria. Para iniciar às reflexões que darão corpo a este trabalho, elegi o tema transferência articulado ao meu trabalho institucional ao longo dos últimos anos, na clínica psicanalítica com crianças que apresentam graves transtornos psíquicos. De que forma, ou de que posição, um atendimento realizado em uma instituição pode se considerado psicanalítico? A experiência em instituição com crianças autistas e psicóticas coloca alguns paradoxos imanentes a esta clínica. Temos que nos interrogar frequentemente quanto ao nosso lugar enquanto analistas, quanto à direção do tratamento na instituição e quanto ao próprio dispositivo clínico exigido. A partir destas reflexões, ou seja, da clínica psicanalítica e a transferência em questão tentarei através de um recorte clínico institucional abordar este tema central – a transferência e mais especificamente a transferência com os pais de crianças em tratamento. Palavras-chave: psicanálise, transferência, instituição, criança. |