Variedades clínicas da transferência em Winnicott: um estudo do caso Piggle
Ricardo Telles de Deus Leopoldo Fulgencio |
|
Resumo O objetivo deste trabalho é explicitar, no contexto do caso Piggle (1977), alguns aspectos da maneira pela qual Winnicott compreendia o fenômeno da transferência, bem como, do modo como ele trabalhava clinicamente a partir deste entendimento. Mais especificamente, nos debruçaremos sobre o material clínico apresentado pelo autor no início do referido tratamento, isto é: as cartas enviadas ao psicanalista, pelos pais da paciente, antes da primeira sessão; o relato desta sessão; a narrativa da entrevista com a mãe de Piggle; as cartas enviadas pelos pais da menina, logo após a primeira consulta. Tendo isso em vista será sublinhado, num primeiro momento, o fato de que Winnicott era um analista que, fundamentalmente, orientava o seu trabalho prático no sentido de se adaptar, de modo ativo e sensível, às necessidades (needs) de seus pacientes. Assim sendo, ele realizava “análise padrão” (“standard analysis”) quando a sua avaliação era a de que o paciente, de fato, precisava deste tipo de tratamento e, também, quando isto se revelava como algo viável, em uma situação singular. Num segundo momento, serão fornecidos dados com o propósito de contextualizar, em linhas gerais, o tratamento de Piggle. Finalmente, tendo este contexto geral como pano de fundo, apresentaremos a nossa análise acerca dos aspectos transferenciais envolvidos no início do tratamento. Palavras-chave: Winnicott; Piggle; clínica psicanalítica. |