Instituto Sedes Sapientiae

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jornal de membros, alunos, ex-alunos e amigos de psicanálise

Reich e a relação entre psicanálise e política[1]

por Mario Pablo Fuks[2]

 

Em novembro de 2016 o Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo convocou seus membros para um encontro interno sobre Psicanálise e Política. Acabava-se de produzir o impeachment de Dilma Rousseff e vários indícios permitiam prever desenvolvimentos fascistas no Brasil. Um dos temas sugeridos foi A luta contra o fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. Este trabalho apontou desde o início a mostrar com W. Reich defendeu a psicanálise como instrumento de compreensão e transformação dos conflitos políticos assim como seu impacto na história institucional do movimento psicanalítico.

Proponho-me a trabalhar a relação entre psicanálise e política a partir da prática psicanalítica e política de W. Reich e de sua obra Psicologia de massas do fascismo, apontado as ligações possíveis de serem estabelecidas com alguns dos aspectos mais inquietantes da realidade conjuntural brasileira.

A presença marcante e conflitiva de Wilhelm Reich no movimento psicanalítico foi processada institucionalmente pela via de sua expulsão da Sociedade Internacional de Psicanálise, em 1934. Este acontecimento coincide com o início de um longo período de fechamento ideológico e doutrinário da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) e de suas filiais nos diversos países.

Nos anos 70, com os ventos de liberação que percorrem o mundo, a relação política-psicanálise volta a movimentar a psicanálise e o “caso Reich” (Rodrigué, 1995) é retomado como um analisador desta problemática e dos processos de institucionalização. A instituição psicanalítica “oficial” é questionada, e se produzem movimentos de inovação, ruptura e criação de novos projetos coletivos, entre os quais a cisão da Associação Psicanalítica Argentina, em 1973, a criação do Centro de Docência e Investigação da Coordenadoria de Trabalhadores de Saúde Mental em Buenos Aires e a criação do Curso de Psicanálise em 1976 e, posteriormente, em 1985, do Departamento de Psicanálise, ambos no Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo, como espaços psicanalíticos autônomos e politizados.

Marie Langer, psicanalista argentina de origem austríaca, nos fala sobre esses dois momentos históricos: “Nos anos 30 em Viena, a juventude intelectual era atraída intensamente pela Psicanálise e pelo Marxismo.

Hoje em dia, em Buenos Aires, a juventude que conheço se dedica com igual interesse a esses grandes temas” (Langer, 1973, p. 251).

Freud e Marx haviam criado duas ciências que traziam uma nova consciência ao homem. Um grupo significativo de analistas austríacos e alemães compartilhava esse interesse. O mais destacado entre eles foi Wilhelm Reich, para quem a aproximação e a complementação entre ambos os pensamentos iriam enriquecer cada um deles.

Para o historiador Rodrigué (1995), assim como para E. Roudinesco (1998), não resta dúvida de que a expulsão de Reich foi uma decisão política, e não científica, decisão ditada, em grande medida, como reflexo do pânico diante de uma situação de grande risco real.

Langer aporta seu testemunho direto sobre as circunstâncias reais político-institucionais. Ela, que tinha na época 24 anos, era médica e estava iniciando sua formação psicanalítica em Viena, relata que esteve em 1932 em Berlim, ouviu Hitler falar diante de uma concentração multitudinária de nazistas e tomou a decisão de militar na esquerda. Sentia que era absurdo entregar-se sem lutar. Freud – diz ela – negava o perigo, idealizava a Alemanha de Goethe, que achava avessa às extravagâncias bélicas. “Nós, os jovens politizados, pensávamos diferente”, diz a autora. Na Áustria todos os partidos de oposição foram proibidos; a metade da população pertencia a eles, e muitos militavam clandestinamente. Frente a isto, as autoridades da Associação Vienense decidem que, para preservar a psicanálise, era necessário proibir seus integrantes de exercer qualquer atividade política ilegal e de atender pessoas que estivessem em tal situação. Precisavam optar. Frente à circulação de rumores quanto ao engajamento político de Langer, o analista lhe colocou as seguintes possibilidades: ou ela escolhia a militância política e abandonava a análise, ou ficava na psicanálise e renunciava à prática política. Havia uma terceira possibilidade, manter as duas coisas, mas evitar falar muito disso na análise. Solução obviamente problemática desde o ponto de vista dos princípios do método e da ética da psicanálise. Ficou nessa situação por um tempo, decidiu sair dela e exilar-se. Vai para a Espanha e se engaja como médica nas Brigadas Internacionais, que lutam contra o franquismo.

As posições ideológicas e políticas assumidas pelos analistas de esquerda[3] – e, principalmente, por Reich – entram em uma dinâmica de debate – e posteriormente de oposição e antagonismo – em relação às posições dominantes na instituição psicanalítica, o que desembocou na formulação, pela primeira vez, de uma política oficial. Rodrigué (1995) afirma que Wilhelm Reich foi o primeiro sintoma, no sentido analítico do termo, da institucionalização da psicanálise. O próprio Reich utilizava o conceito de sintoma institucional. Para ele, por exemplo, a teoria da pulsão de morte, introduzida por Freud em Mais além do princípio do prazer, era um sintoma do conflito criado entre a potência crítica e criativa de Freud e as tendências conservadoras e regressivas, que chegavam até a dessexualizar a teoria psicanalítica.

O processo de afastamento institucional de Reich começa na Sociedade Psicanalítica de Berlim e culmina no Congresso da Associação Internacional em Lucerna em 1934. Sobre as vicissitudes da instituição psicanalítica na Alemanha após a ascensão do nazismo, a “limpeza étnica” de analistas judeus e de teorias e linguagens psicanalíticas, considerados “ciência judaica”, e sua concomitante uniformização doutrinária (Gleichschaltung) não falaremos nesse trabalho.

Com o início da guerra se produz a diáspora para diversas regiões do mundo, e a psicanálise torna-se não só apolítica, mas também acrítica, adaptativa, tendendo ao isolamento e ao encapsulamento intrainstitucional. As instituições psicanalíticas se transformaram em corporações profissionalistas, verticais, burocráticas. Segundo Roudinesco, os analistas da esquerda freudiana, assim como muitos outros da chamada segunda geração internacional, tiveram que enfrentar o exílio e a integração numa nova cultura. “Encontraram na IPA uma nova pátria freudiana, e foram então os artífices do legitimismo ou, ao contrário, contestaram o aparelho freudiano, chegando até a cisão, o exílio interior, ou ainda a mudança de prática”. (Roudinesco & Plon, 1998, Verbete Fenichel, p. 230).

Continuando com o analisador Marie Langer, depois da luta nas Brigadas Internacionais, ela abandona a Europa, vai para Uruguai e acaba por radicar-se finalmente em Buenos Aires, onde retoma o trabalho psicanalítico. Junto a colegas argentinos e outros analistas, também imigrantes, funda em 1946 a Associação Psicanalítica Argentina (APA), a primeira na América do Sul a ser reconhecida pela IPA.

Em 1971 ela escreveu, para um encontro da Internacional, um artigo intitulado Psicanálise e/ou revolução social, em que relatou esta história, afirmando que nos anos 30 os analistas da geração jovem foram convencidos pelo grupo de analistas mais velhos a optar por uma ou pela outra. Já naquele momento, em 1970, os analistas mais velhos acompanharam os jovens que decidiram questionar a instituição e construir um caminho que não excluísse essas possibilidades. Langer se constituiu em porta-voz do Grupo Plataforma que, junto com o Grupo Documento, também da APA, protagonizaram a primeira cisão por motivos ideológicos e políticos na história do movimento psicanalítico. Além dos analistas europeus ligados à Plataforma Internacional, já existiam, na América Latina, outros grupos, como aqui em São Paulo, que questionavam o funcionamento da SBPSP, tentando resistir ao processo de centralização de poder e isolamento ideológico e técnico que nela se instalara desde a década de 60. Um destes grupos organizou-se em 1976, formado por psicanalistas, extra e intrainstitucionais – Regina Schnaiderman, Roberto Azevedo, Fabio Hermann e Isaias Melsohn[4], entre outros – e começou a desenvolver uma proposta de formação psicanalítica, fundando o Curso de Psicanálise do Sedes Sapientiae, ao qual psicanalistas argentinos que emigramos para o Brasil viemos a nos incorporar (Ver Cytrynowicz, 2006). O Sedes era um lugar de acolhimento e apoio aos movimentos que lutavam contra o arbítrio, pelo retorno da democracia e a favor da transformação social.

Na América Latina, ao longo da Guerra Fria, em diversos graus e formas, as instituições oficiais estiveram submissas aos regimes ditatoriais, e até, por vezes, sintonizadas com eles, fato do qual no Brasil existiram exemplos flagrantes, como o relatado em Não conte a ninguém, de Helena Besserman Vianna (1994), e também os analisados recentemente por Marilucia Meirelles no lançamento e apresentação do livro Ditadura civil-militar no Brasil: o que a psicanálise tem a dizer, do Departamento de Psicanálise (Arantes, M. A. e Ferraz, F., 2016).

Do ponto de vista político-ideológico, as atitudes, principalmente dos dirigentes e de muitos membros das Sociedades Psicanalíticas ligadas à IPA – que naquela ocasião congregavam um número bem expressivo de membros – foram de ausência e ambiguidade, disfarçando tácito apoio ao regime autoritário (Meirelles, 2016).

Solicitados por organismos federativos regionais, omitiam solidarizar-se publicamente com o analista uruguaio Marcelo Viñar, por exemplo, alegando que os estatutos da instituição proibiam pronunciamentos sobre assuntos políticos, mas não deixavam de expressar, por carta, seu desejo de que o colega afetado (preso e sob tortura) “…estivesse gozando de saúde, esperando que seu caso se resolvesse satisfatoriamente” (idem, p. 2). Vemos que os sintomas institucionais identificados por Rodrigué se reproduzem ao longo do tempo, ganhando feições tão absurdas quanto trágicas.

Os acontecimentos na Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro, referidos ao “cordeiro-lobo”, se revestem de uma gravidade sem comparação; descobre-se aí que um candidato em formação, o Dr. Amílcar Lobo, atuava, paralela e clandestinamente, como tenente-médico das equipes de tortura, com o codinome de “Dr. Cordeiro”. Este permanecia na instituição como candidato Amílcar Lobo, mesmo que já fosse conhecida sua participação criminosa. Helena Besserman Vianna, a analista carioca que denunciou o fato através de uma carta anônima dirigida a Marie Langer, foi identificada através de uma investigação grafológica de perfil claramente policial, encomendada pelas autoridades locais. “Não conte a ninguém”, foi a orientação dada para a autora de dita carta, em 1993, por um alto diretor da IPA, frente ao relato desta série de acontecimentos. É o contrário da posição assumida publicamente por Langer junto a Armando Bauleo, no livro Cuestionamos II em 1983: “Enviamos a denúncia a diversas sociedades psicanalíticas, esperamos que sejam tomadas as medidas correspondentes” e, acrescenta: “O que mais pode se dizer frente a esta denúncia? O que sentir senão horror e indignação? (…). Sem nenhuma dúvida a sobrevivência institucional pode implicar um altíssimo preço”.

A psicanálise institucionalizada havia silenciado mais uma vez. Publicado em 1997, o livro sacudiu o establishment psicanalítico com a denúncia desse encobrimento, tendo diversos desdobramentos dentro do movimento psicanalítico. Quando perguntam a René Major, em 2003, por que criou os Estados Gerais da Psicanálise, ele responde:

“O principal motivo veio do esquecimento, do recalcamento e mesmo da ignorância intrínseca da política no movimento psicanalítico. A história da psicanálise no Brasil teve um papel desencadeador nessa tomada de consciência.” Foi durante o lançamento do livro de Besserman Vianna em Paris, do qual ele fez o prefácio, que foi decidida a convocação dos Estados Gerais.

Tivemos que tomar conhecimento dos sintomas que podem produzir na realidade a implicação desconhecida da dimensão política na transmissão da experiência analítica e nas instituições psicanalíticas. Os sintomas que se manifestaram no Rio não eram apenas locais ou regionais, mas internacionais, pois diziam respeito a todo o movimento desde a Segunda Guerra (Duarte-Plon, 2003).

A ideologia fascista involucrada em processos institucionais que davam sustentação a poderes autoritários e ditatoriais já havia sido denunciada e analisada nos debates europeus dos anos 70. Em um colóquio sobre psicanálise e política em Milão, Philippe Sollers valorizava a posição de Reich pondo ênfase na questão do fascismo.

“Quem pode afirmar que o fascismo seja um perigo descartado, quando se implanta em toda América do Sul, está vivo na Europa e carcome os países revisionistas? (..). É preciso ter do fascismo um conhecimento preciso, claro, sem pudor. Uma política sem psicanálise, e uma psicanálise sem política constitui hoje o risco mesmo do fascismo nos países capitalistas industrializados!” (Sollers,1974)

Qual era o panorama teórico institucionalizado no qual se inseriu a geração que encarava a formação psicanalítica entre os anos 60 e 70, quando a política voltou a se fazer presente? Na concepção psicanalítica da vida psíquica estava ausente a dimensão do social, a significação da exploração econômica e a dominação política. Não havia sido excluído somente Reich. Havia sido excluído também o Freud que revolucionou a cultura, o que tinha contribuições importantes a fazer sobre o social e sobre a política. Assim o testemunham vários de seus trabalhos, como Psicologia das massas e análise do Eu, Por que a guerra? e Moisés e o monoteísmo. Era o Freud que afirmava que uma cultura que não satisfaz um número tão grande de seus integrantes e os impulsiona para a rebelião, não tem a possibilidade de conservar-se definitivamente – e nem o merece.

Para nós, analistas dos anos 70, tinha sentido a aproximação entre Marx e Freud. Estudávamos os dois. Na reflexão teórica sobre a ideologia, Althusser, com sua forte presença da psicanálise, nos atraía enormemente. Havia algo no tipo de pensamento que tornava Marx e Freud próximos e afins.

Este caráter conflitual e provocador de cisões – afirma o autor – é, por natureza, constitutivo de sua cientificidade, de sua objetividade. Em uma realidade assim, necessariamente conflitual, não dá para ver tudo desde toda parte. Não se pode ver, a não ser ocupando uma determinada posição no conflito e não outra, não se deixando arrastar pelas ilusões da ideologia dominante. É preciso desenvolver posições filosóficas materialistas, dialéticas, que são posições de classe, para poder conhecer o que é encoberto, o que é velado pela ideologia.

Maquiavel dizia que há que ser povo para conhecer os príncipes. Althusser parafraseia: para compreender o capital; ter reconhecido sua existência, ter compartilhado suas lutas. Não existe nenhum outro meio além da prática, para que esse deslocamento aconteça. “Agora bem” – sublinha – “para um intelectual não existe nenhuma outra maneira que ser povo, que converter-se em povo por meio da experiência prática da luta desse povo” (p. 117, itálico do autor).

Cabe questionar esse conceito de conversão, que tem ressonâncias tanto psicanalíticas como históricas, as conversões religiosas. Esta palavra – povo – mexia com muitos de nós, pois nos víamos integrando o campo popular. Nós éramos parte do povo, e de povos em luta. Há algo para pensar, nesta linha, quanto aos processos de ressignificação e ressubjetivação envolvidos nas experiências transformadoras, que operam rupturas. Freud teve que deslocar-se subjetivamente de uma posição de superioridade médica e de gênero, para poder escutar as pacientes histéricas. Teve que deixar que se fizessem ouvir, acolher suas ideias, reconhecer e teorizar a “limpeza da chaminé” proposta e sustentada por elas, mudar sua técnica inicial: assim pôde ver a sexualidade infantil falando em seus sintomas corporais. Porque é necessário um deslocamento do ponto geográfico de observação, dentro de um sistema, para poder desvelar uma realidade encoberta.

Foi preciso também sair para as ruas nas manifestações, para reconhecer a cidade e começar a entender a política do espaço, da circulação e da não circulação, da rebeldia latente e seu sufocamento permanente, as ruas só para os carros, a falta de espaços públicos, até que algo se quebrasse, acionando o sufocar agudo por parte da tropa de choque.

São acontecimentos associados à violência da repressão policial ou militar contra movimentos de protesto, contra injustiças, os que levam à assunção de um compromisso político e um engajamento na luta. Para Reich, foi a experiência da greve que aconteceu em Viena em 16 de julho de 1927. Ele estava lá. “Se me dediquei ao movimento de higiene mental, não foi precisamente para curar algumas pessoas ou melhorar sua saúde: comecei depois desse dia, quando foram mortas cem pessoas na rua e feridas umas mil” … (Reich, citado por Langer, 1973, p. 9). O movimento na Argentina surgiu como reação à repressão no Cordobazo, em 1969, que deslanchou uma greve geral à qual os analistas aderiram. Nos diversos casos trata-se de observações e interrogações impregnadas de uma inquietante estranheza. Reich se pergunta sobre essa inibição submissa, essa passividade por parte dos manifestantes. Por que os repressores são tão violentos e indiferentes ao sofrimento, tratando-se de pessoas de sua própria classe social?

Marcelo Freixo fala da mesma coisa no artigo Extermínio, publicado pela Folha de São Paulo de 5 de julho de 2016: policiais militares, muitas vezes negros, pobres e favelados, matando meninos negros, pobres e favelados. Matando e morrendo em número crescente.

Ser afetado pelo sofrimento dos outros desloca o observador implicado dos lugares “naturais”, e este deslocamento é político; desloca-nos dos lugares instituídos, de nosso pertencimento ao estabelecido, de nossas identidades fixadas, em função de um reconhecimento solidário frente à injustiça, o desamparo que nos demanda, nos convoca, nos induz a uma responsabilidade.

Foi preciso, como destacam quase todos os autores, que Reich saísse do consultório clínico para as manifestações de rua em 1927 para que decidisse se engajar na luta política. Mas foi preciso, também, passar pela indagação prática sobre a articulação entre as condições subjetivas (para a revolução social) e o questionamento da moral sexual burguesa, através da experiência multiplicadora de Sex-Pol[5], ou seja, deslocar-se para outros lugares, outras parcerias e outros modos de interlocução e agir sobre uma realidade, para se lançar em outro modo de ação em 1933 – a escrita do livro sobre psicologia de massas do fascismo.

 

A psicologia de massas do fascismo

São novas perguntas emergindo também de novos acontecimentos políticos o que leva Reich a escrever uma de suas obras mais importantes: a Psicologia de massas do fascismo. Por que a proposta socialista, com seus ideais de liberdade e igualdade, foi derrotada nas urnas, subjugada pela ideologia nacional-socialista? Hitler chega ao poder pela via eleitoral e este é o fato mais inquietante, o fato maldito, para as forças de esquerda, e que requer novas respostas.

Foi a prática em Sex-Pol a que lhe possibilitou ver, por exemplo, a crise em que estava imersa a juventude. Ver de que maneira e até que ponto a moral autoritária implantada desde a infância, através da repressão sexual inerente ao patriarcado, entrava em choque com novos valores morais, formas de vida e concepções de mundo que irrompiam na cena social, sinalizados pelos movimentos artísticos de vanguarda, revolucionárias descobertas científicas, a onda de impacto produzida pela Revolução Russa, a luta pelos direitos sociais da mulher, as formulações da psicanálise e a franqueza maior com a qual as questões sexuais começavam a ser abordadas. Por outro lado, o jovem carregava em sua estrutura uma moral autoritária, milenarmente patriarcal e sexo-negativa. Este conflito axial tornava o jovem apático e temeroso de se responsabilizar por seu próprio destino. “As massas, frustradas sexualmente, tornam-se neuróticas, e o neurótico sabe sofrer mas não sabe lutar”, dirá mais tarde Marie Langer, comentando as conclusões de Reich (Langer, p. 9): “Na verdade Hitler nada mais representava do que a expressão da trágica contradição entre o anseio por liberdade e o medo real da liberdade”[6] (Reich, 1942).

É nesse campo ideológico contraditório que o nazismo vai explorar e manipular a ideologia nacionalista, racista, da honra e do dever, da disciplina e da exaltação da virilidade.

Mas há um ponto importante a destacar de começo: a análise que faz Reich da psicologia de massas da classe média, em função do papel determinante que lhe coube naquelas eleições. O sucesso de Hitler não está em sua personalidade nem em sua ideologia objetiva e não se explica por uma “mistificação” das massas induzida desde fora. A questão central é saber o que acontecia no seio das massas para que elas se unissem a um partido cujos chefes perseguiam uma política oposta aos interesses dos trabalhadores. O nacional-socialismo pôs a descoberto o conjunto de contradições que caracterizam a psicologia de massas da pequena burguesia.

Reich produz uma análise detalhada e penetrante de cada um dos elementos dessa complexidade, e de como eles operam de modo diverso diante do agravamento da crise. Destacamos a seguir alguns aspectos.

O pequeno burguês não pode solidarizar-se, nem com a própria camada social, nem tampouco com o proletariado; com a própria camada social, porque nela reina a concorrência e, com o proletariado industrial, porque o que ele mais teme é precisamente a proletarização (p. 46).

O nacional-socialismo é o que lhe trará a possibilidade de um sentimento de união. Como se forma e se sustenta dito sentimento? O fato de que o movimento fascista tenha podido unificar a pequena burguesia se explicará pela psicologia de massas.

A posição das classes médias é determinada pela sua posição no modo produção capitalista, pela sua posição no aparelho do estado capitalista, pela situação familiar particular, que é determinada diretamente pelo processo de produção, mas que fornece a chave para compreender a sua ideologia.

Podemos comprová-lo no fato de que os pequenos camponeses, funcionários e comerciantes médios mostram diferenças econômicas entre si, mas se caracterizam por uma situação familiar, em seus grandes traços, idêntica” (p. 44).

A consciência social do funcionário do Estado e do empregado médio não se caracteriza pela consciência de uma comunidade de destino com seus colegas de trabalho, mas por sua posição em relação à autoridade e à nação. “Esta posição consiste no funcionário público numa completa identificação com o poder de estado; no empregado, numa identificação com a empresa que serve” (Reich, 1933, pp. 46-47, itálico do autor). Tudo se resume a uma fórmula: “Eu sou o estado, a autoridade, a empresa, a nação”; esta identificação “representa uma realidade psíquica e constitui um dos melhores exemplos de uma ideologia transformada em força material” (p. 47, itálico meu).

Trata-se, então, de algo da ordem do ser, que o coloca acima do proletário e no meio, entre ele e a autoridade. Reich explicita claramente o sentido do conceito de identificação na psicanálise e que, conforme sabemos, foi amplamente trabalhado por Freud em Psicologia de massas e análise do Eu como determinante constitutivo da estrutura de uma massa psicológica, pela dupla identificação dos membros com o líder e consequentemente entre seus Eus.

Esta identificação vertical não daria lugar a uma identificação solidária lateral com seus colegas, com sua classe, não só em razão da concorrência, mas também porque o que galvaniza o sujeito é a posição intermediária que ocupa entre a autoridade e o trabalhador manual ou proletário. É um subalterno com respeito a essa autoridade, e um representante da mesma em suas relações com seus subordinados, gozando, por esse motivo, de uma especial proteção moral (não material). Poderíamos dizer que se trata de um halo protetor, de uma investidura emblemática, de um efeito fetichístico, resultado de um processo que começa com buscar parecer-se com seus superiores idealizados, para ir transformando-se em algo à imagem e semelhança da classe dominante. “Com o olhar constantemente virado para o alto, o pequeno burguês forma uma forquilha [ou acaba por cavar uma fossa segundo a tradução em espanhol][7] entre sua situação econômica e sua ideologia” (p. 47). Vive em condições de penúria, mas se preocupa antes de mais nada com a aparência, o chapéu alto e a casaca, como manifestação visível desse olhar. Não aparece no texto uma referência explícita ao conceito de fetiche na explicação do fetichismo, introduzido por Freud no trabalho com esse título, de 1927, mas não é difícil reconhecer sua possível pertinência nesse valioso estudo sobre a ideologia da pequena burguesia, assim como a ressonância na ideia de “forquilha” ou de “fossa que é cavada” do conceito de cisão ou clivagem vertical do Eu, entre o reconhecimento, em uma parte, de uma realidade factual mas recusada (verleugnen) em sua significação angustiante, e regiões em que domina a aderência a uma crença narcísica onipotente à que não se renuncia, sustentada pelo investimento perceptual repetitivo e estereotipado do fetiche.

Reich estuda assim modos de subjetivação associados a determinadas formas de vida a partir de uma observação muito detalhada, de um mergulho na vida social e política, de um “pôr a mão na massa”. Como a pequena burguesia é o pilar principal da ordem autoritária, esta atribui grande importância à “integridade dos costumes” e à eliminação de toda “influência inferior”, sendo a família o pivô da política cultural.

Assim verá até que ponto ser portador de uma moral de honra e dever, originada na família, implicará em possuir uma diferença essencial, uma superioridade ligada a uma identidade nacional e racial, que servirá de suporte a movimentos massivos de estigmatização xenófoba e moralista focada em determinados indivíduos e grupos inferiores ou propiciadores da decadência da sociedade – primeiro e principalmente judeus, negros, indígenas, doentes mentais, comunistas, pervertidos sexuais, doentes crônicos. Esses movimentos serão impulsionados por estratégias discursivas e práticas de controle, associadas aos diferentes poderes instituídos – e socioeconômicos, políticos, religiosos, jurídicos, policiais, militares, médico-higienistas etc. –, com forte apoio educacional e midiático, que desembocará em políticas de segregação e aniquilamento, tanto em território alemão como nos países anexados e dominados pela expansão militar imperialista.

Este é o eixo em torno do qual se organiza a ideologia fascista alemã e sua teoria racial: “A tarefa mais nobre de uma nação consiste em salvaguardar a pureza da raça, e salvaguardá-la da mestiçagem, que a conduz sempre à decadência da raça superior”. Esta ideologia se apoia em razões “naturais” (seleção natural, sobrevivência do mais forte) mas Reich destaca que mescla de sangue (Blutschande) também implica pecado, contrariar a vontade do Criador eterno. Há em jogo uma ideologia política nacionalista e imperialista, mas também fantasias inconscientes de forte carga afetiva: a outra acepção de Blutschande é incesto.

A estruturação subjetiva do fascista se caracteriza, assim, pelo pensamento metafísico, o sentimento religioso, a submissão a ideais abstratos e morais, e a crença na missão divina do Führer, sobre um subsolo de adesão submissa a um ideal de líder e de nação.

Na relação que estabelece a massa com o líder está presente também esta identificação profunda e fusional com ele e com a pátria, a nação, que ele encarna, que ele é. O líder constrói seu discurso sem necessidade de argumentos, baseado num apelo afetivo direto, de modo a propiciar essa identificação. Isto nos lembra uma declaração, em junho de 2016, do deputado J. Bolsonaro, referida ao povo, em ocasião de responder se adequaria seu discurso à situação de pré-candidatura: “Costumo dizer que não falo o que o povo quer. Eu sou o que o povo quer” (itálico meu). Trata-se aqui, novamente, de algo no sentido de um ser: um ser todo completo, autossuficiente, que não representa – haja vista a existência de uma crise de representatividade –, que não precisa de mandato, que é propriamente o soberano absoluto, ao modo do pai primevo onipotente e despótico da horda primitiva postulado por Freud. Esta figura política que vinha obtendo números significativos nas pesquisas, já havia protagonizado diversos episódios de ressonância como sua homenagem pública, durante o impeachment, ao Coronel Brilhante Ustra, torturador que chefiou um dos maiores órgãos de repressão da ditadura; suas tomadas de posição sexistas, homofóbicas e de justificação da violência contra a mulher, com forte implicação pessoal, assim como suas manifestações depreciativas para com a imagem dos membros das minorias étnicas mostram claros sinais do perfil fascista descrito. Somam-se as ameaças condenatórias e de punições armadas dirigidas aos marxistas, promovendo um retrocesso em relação ao pacto civilizatório através de liberalização das normas de armamento da sociedade civil e o direito a matar com menos justificativas por parte das forças militares.

O fato inaudito destas evidências de fascismo é que um pré-candidato, em ascensão em novembro de 2016, se transforma no fato maldito em novembro de 2018, ao vencer o primeiro e segundo turno das eleições. As perguntas sobre o porquê, sobre como isto foi possível, voltam a colocar-se com toda força e urgência: não dá para dizer que não se sabia do que se tratava. Como explicar esta adesão? A classe média voltou a desempenhar seu papel. Igual ao candidato da ultradireita, é uma classe “ferida”. Revoltada contra o desempenho estrutural, sob o perigo real de proletarização, ameaçada pelo sentimento de fracasso derivado de sua ideologia de desempenho e sua mentalidade de carreira, tem despejado majoritariamente sua culpa autoagressiva e autodestrutiva sobre um bode expiatório: o PT esquerdista e corrupto. A ideologia fascista serviu para projetar para fora esta agressão, configurando um laço paranoico que impregna o ambiente político cultural, incrementa a hostilidade e empobrece a reflexão e o debate.

O antipetismo é incentivado através da campanha midiática a serviço das elites, como meio de colonizar o sentimento antipopular de sua classe aliada e tropa de choque de seus interesses. Ódio e desprezo pelo povo, encobertos por um ódio e desprezo pela política, destinados a impedir – e isto é o fundamental – a identificação das classes médias com os mais pobres que “precisam”, esses sim, da política. O medo da proletarização de que sofrem estas classes médias é um dos elementos mais importantes das ideologias totalitárias e agressivas, a própria sensibilidade moral demonstra a superioridade moral que falta às pessoas inferiorizadas, que aceitam a corrupção seletiva porque, supostamente, sobrevivem às custas do Estado. Por aí é que medra o bolsonarismo, que se expressará no ódio ao pobre e à sua representação política, a esquerda, abrindo o caminho para sua criminalização.

Quem os odeia mostra que não é um deles, transfigurando seu desapreço antipopular em virtude moral. “Se não me dei bem foi por causa deles”. Este parece ser o conteúdo crucial da prédica neofascista de Bolsonaro. Sem explicitar qualquer tipo de proposta política, ela expressa o ódio e a frustração de classe dos ameaçados pela decadência social (Souza, 2018).

Uma parte menor, porém importante, da classe média apoiava o candidato petista e se sentiu representada, configurando a base potencial para constituir uma frente antifascista entre o primeiro e o segundo turno eleitorais. Os psicanalistas brasileiros comprometidos na luta apoiaram ativamente este movimento em defesa dos direitos conquistados e em apoio à democracia – e continuam a fazê-lo – através da criação de diversos espaços de articulação e expressão. Formaram amplas redes organizativas, emitiram declarações coletivas, difundiram-nas dentro e fora do Brasil, publicaram-nas em FLAPPSIP. Também se manifestaram individualmente, em duplas e pequenos grupos, através de entrevistas nas redes sociais. Criaram em seus âmbitos institucionais dispositivos como as rodas de conversa, horizontais e espontâneas, abertas a uma escuta ampla, solidária e reflexiva, das demandas emergentes.

Entretanto, a frente política antifascista não prosperou. Acabou por ser consagrado um político de ultradireita, negacionista da ditadura militar, autoritário e fascista, como presidente do Brasil.

Jessé Souza, intelectual e sociólogo brasileiro de cujo livro A classe média no espelho: sua história, seus sonhos e ilusões, sua realidade (2018) podemos extrair muitas ideias que permitem continuar e aprofundar as análises iniciadas por Reich, afirma o seguinte: “Medo e agressividade é o verdadeiro ar que todo fascismo respira. Foi a ausência histórica de um contradiscurso que se opusesse à narrativa dominante do que ele denomina o liberalismo vira-lata, o que jogou a classe média no colo da elite conservadora. A classe média rompeu o pacto democrático para abraçar a ideia de que a corrupção do estado é a fonte de todos os males do Brasil e não o assalto ‘legalizado’ realizado pelos bancos e as grandes corporações.” … “A elite econômica conseguiu consolidar, junto a seus intelectuais e sua imprensa, a ideia de que o empobrecimento da população teria sido causado pela corrupção política. O vínculo orgânico entre empobrecimento e corrupção política é uma mentira. É óbvio que a corrupção política é recriminável, mas não foi ela que deixou a população mais pobre. Esta é a grande questão que ficou fora do quadro. E era o que importava nas eleições”, afirma o autor.

O privilégio da classe média, que corresponde a 20 por cento da população brasileira, é principalmente o acesso ao capital cultural, ou seja, conhecimento, cursos, línguas, universidades etc. Isto explica, por exemplo, a raiva de parte da classe média ao ver pobres entrando na universidade, que era seu bunker, que garantiria salários melhores, reconhecimento e prestígio.

A análise do papel desempenhado pelo fascismo em suas diversas formas, nos começos da Modernidade e na época dos regimes totalitários do século XX, assim como o papel que lhe cabe hoje no capitalismo contemporâneo, já vinha adquirindo relevância no debate pormenorizado em torno dos acontecimentos políticos dos últimos tempos no continente, nos Estados Unidos e na Europa. Entretanto, depois dos últimos acontecimentos no Brasil, impõe-se a necessidade de instaurar este debate na América Latina, por tudo o que atravessamos, por tudo o que nos irmana, por tudo o que nos une, aprofundando e ressignificando juntos, a partir de conjunturas novas, a relação entre psicanálise e política.

 

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[1] Originalmente publicado no Congresso FLAPPSIP – Configurações atuais da violência; desafios à psicanálise latino-americana – realizado em Montevidéu em maio de 2019, através de gravação em vídeo.

[2] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

[3] Annie Reich, S. Bernfeld, E. Jacobson, O. Fenichel, K. Friedlander, G. Gero etc.

[4] Ver Cytrinowicz (2006).

[5] Movimento surgido em 1931, do primeiro congresso da Associação Alemã para uma Política Sexual Proletária, com amplas ramificações nos centros industriais, baseados em exposições e debates, focados em temas cotidianos e prementes: problemas de moradia, dilemas religiosos e atitude negativista dos educadores em relação à sexualidade e as dificuldades emocionais e sexuais vivenciadas por crianças e adolescentes. Reich, 1933, p. 87; Bedani & Albertini, 2009, pp. 4-5.

[6] Reich, 1942, citado por Bedani, p. 236.

[7] Reich, W. (1933) La psicologia de masas del fascismo (Tradução de R. M. Ruiz da edição alemã de Sex-Pol Verlag, Zurich, 1933). México: Roca, 1973.

 

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