Quatro novas colegas chegam ao Departamento de Psicanálise
pela Comissão de Admissão
Relação mãe-filha: em busca do feminino. Que mistério tem Clarice? – Apresentação pública de Adriana Elisabeth Dias
por Marcelo Soares[i]
No dia 28 de outubro de 2022, Adriana Elisabeth Dias realizou sua primeira atividade como membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Adriana compartilhou em sua apresentação pública ao Departamento o caso clínico intitulado Relação mãe-filha: em busca do feminino. Que mistério tem Clarice?, para a qual preparou o seguinte resumo:
“Em seus inquietantes e inacabados estudos sobre o feminino e a feminilidade, Freud constata que, na relação mãe e filha, a ligação pré-edípica com a mãe tem uma importância fundamental para a mulher. A partir do recorte de um caso clínico e da relação transferencial nele estabelecida, apresento trechos do percurso de análise de Clarice que revelam sua busca pela feminilidade e suas defesas frente à angústia que acompanha esse movimento. As relações da analisante com sua mãe e com sua filha, bem como com outras mulheres que atravessam sua vida, são disparadores dessa jornada.”
No decorrer de sua apresentação e do debate sobre o material clínico apresentado, Adriana apresentou recortes sobre a experiência clínica desafiadora no atendimento de sua paciente. Além de abordar aspectos metapsicológicos relacionados à relação mãe e filha, propiciou a todos a oportunidade de refletir sobre a constituição da feminilidade nos dias de hoje e o complexo caminho para tornar-se mulher, a partir do percurso clínico com Clarice.
A apresentação de Adriana foi destacada pela relevância do tema que atravessa a clínica de todo psicanalista e que convidou os participantes a contribuírem com questões, apontamentos e observações bastante férteis. Como amostra desse belo encontro, seguem suas palavras:
“Tornar-se mulher, assim, é um processo que se coloca como um terceiro elemento na relação de uma mãe e uma filha, processo este que terá seus desdobramentos ao longo de toda vida de uma mulher. Em certo sentido, é como o inconsciente, impossível de ser compreendido em sua totalidade. É por meio da figura materna, em sua dupla condição de mãe e de mulher, que uma menina vivencia um lugar privilegiado em seu processo de feminilização.”
Adriana Elisabeth Dias é psicanalista, psicóloga e mestre em Psicologia Social pelo Núcleo Psicanálise e Sociedade da PUC-SP. No Departamento de Psicanálise compõe as equipes do Grupo de Trabalho e Pesquisa Famílias no Século XXI e do boletim online. É também membro da Comissão de Reparação e Ações Afirmativas deste Departamento.
Sobre a apresentação pública de Margarida Melhen – Kika
por Gisele Senne de Moraes[ii]
A apresentação pública de Margarida Melhen – Kika, como amigos e colegas do Departamento a chamam – aconteceu no último 24 de fevereiro. Kika apresentou um caso tocante de um jovem atendido por 10 anos, da adolescência ao início da vida adulta, enfocando na importância da sustentação do espaço-tempo vinculador da análise para que o jovem despontasse como sujeito.
A fala irradiante da psicanalista contagiou a sala 90 do Instituto: fomos transportados a uma experiência clínica na qual a constituição subjetiva do paciente foi sendo tecida no e com o sono da analista. Kika, ao esperar o tempo de seu paciente, viu-se seguidamente tomada de sono nas sessões. O sono da analista, no entanto, foi sendo integrado ao repertório de reflexões sobre o caso, tornando-se assim instrumento em um “trabalho clínico que encontrou sua potência na construção do vínculo da analista com o paciente, e no acompanhamento e fortalecimento da constituição narcísica deste sujeito”.
Psicanalista, psicóloga e mestre em psicologia, Kika fez duas pós-graduações nos cinco anos em que morou em Barcelona. Desde que retornou ao Brasil, vem acumulando experiências profissionais em questões sobre gênero e sexualidade, tendo sido uma das proponentes do grupo de trabalho Generidades: Identidade, Gênero e Desejo. Formado em 2016, o grupo Generidades se propõe a colocar a psicanálise em diálogo com outros saberes sobre o tema e já organizou dois eventos no Sedes. Finalmente, apaixonada por culinária, Kika idealizou e coordena o projeto Cozinha como Experiência, oficinas para as quais já fomos convidados e em que já estiveram membros do Departamento. Seja bem-vinda, Kika, e que venham novas oficinas e projetos!
Sobre a apresentação pública de Cassandra Pereira França
por Silvia Ribes[iii]
A apresentação pública de Cassandra Pereira França aconteceu no fim da tarde de 17 de março. Ela iniciou sua fala explicitando o contexto que motivou a escolha do caso que iria apresentar: seu interesse pela clínica infantil, em particular a clínica do traumático e sua longa trajetória e engajamento na pesquisa acadêmica relacionada a essa temática.
A discussão clínica apresentada por Cassandra nos conduziu para as marcas, encontradas no corpo e no psiquismo de um homem adulto, relacionadas ao traumatismo sexual sofrido na infância. Ao longo da apresentação Cassandra, muito à vontade, “já em casa”, convida os ouvintes, colegas e amigos, a uma troca de ideias.
Aconteceu um debate instigante que incluiu a questão do traumático e da identidade de gênero. Foi uma conversa de muita vivacidade e de muito interesse. Mas o adiantado da hora se fez presente. Inegociável.
Imagino que todos nós esperamos ansiosamente pelas oportunidades de desdobramentos dessa apresentação.
Apresentação pública do trabalho de admissão de Suzana Pastori
por P. Jeronymo Carvalho[iv]
No final da tarde da sexta-feira dia 24 de março, Suzana Pastori esteve na reunião que o Departamento de Psicanálise fez para que apresentasse, já como membro, o trabalho que escreveu sobre um caso clínico para seu processo de admissão.
Estiveram presentes vários membros da Comissão de Admissão e outros membros desse Departamento para ouvirem e discutirem a apresentação clínica que Suzana nos trouxe. O título do trabalho é O que eles querem saber de mim, se eu mesmo não sei? e apresenta a análise de um rapaz do interior do Estado do Pará que se dá em dois tempos, com uma interrupção de um tempo considerável entre eles e que se desenvolve até hoje. Uma análise on-line desde o começo, no ano de 2014, muito antes da normalização desse método devido a pandemia do coronavírus em 2020, e que se estruturou assim para dar conta das dificuldades devidas às enormes distâncias entre o interior do Pará e a capital Belém.
Tivemos uma interessante discussão a respeito do trabalho apresentado, que pôde desdobrar vários conceitos psicanalíticos que Suzana nos apresenta para a compreensão do caso e a fim de aprofundá-los.
De tudo ficou a impressão de um trabalho potente que muito pode acrescentar ao coletivo do Departamento de Psicanálise do Sedes Sapientiæ.
Bem-vinda, Suzana!
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[i] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, professor do curso Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea e integrante da Comissão de Admissão.
[ii] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrante da equipe do Blog do Departamento, do grupo de intervenção e pesquisa clínica Da gestação à primeira infância e da Comissão de Admissão.
[iii] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrante do grupo de apoio FLAPPSIP e da Comissão de Admissão.
[iv] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, professor no Curso de Psicanálise, integrante dos grupos Dinâmicas grupais e institucionais e Psicanálise com crianças e adolescentes e da Comissão de Admissão.