Instituto Sedes Sapientiae

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O eu na contemporaneidade: identidade e
alteridade nas tramas identificatórias
[1] 

por Maria Carolina Accioly[2]

 

Foi num clima de coletividade e interesse que aconteceu a aula O eu na contemporaneidade: identidade e alteridade nas tramas identificatórias. A proposta da aula foi pensarmos esse eixo do narcisismo no contemporâneo que é a noção de identidade, e do que se tem nomeado como identitário. Identidade atualmente se transformou numa palavra em disputa[3] no campo polarizado da política e nos discursos sociais e científicos.

A identidade não é, em si, um conceito psicanalítico. A psicanálise desconstrói a noção de identidade como uma ideia de unidade, que remete a um “eu sou”, algo da ordem do ser que indicaria uma construção fixa, estável e fechada. Falamos em identificação enquanto conceito. Então, para a psicanálise, a identidade pode ser compreendida como uma representação de si, mas não fechada, concluída.

Falar em identidade é falar em identificações, em marcas e traços identificatórios, numa trama, num mosaico singular de cada sujeito. Há movimento, abertura e certa instabilidade. Não concebemos uma identidade como uma unidade, uma totalidade do ser.

Algo que quero sublinhar é que numa identidade, um traço, uma marca pode ser tomado/a como a totalidade do ser: eu sou mulher, por exemplo. Reconhecer-se numa identidade também é reconhecer-se pertencente a um grupo que compartilha desse mesmo marcador – somos mulheres. Entretanto, pensando no movimento feminista, por exemplo, o que define uma mulher como identidade? Quais efeitos psíquicos e políticos podem ser provocados ao se transformar um marca identificatória numa categoria identitária?

Enquanto psicanalistas, como temos escutado os movimentos ditos identitários no que eles têm de coletivo e de singular? Como essa problemática afeta nossa escuta? De que forma os pensamentos não hegemônicos e contracoloniais têm atravessado, provocado e transformado a psicanálise? Essas são algumas questões que podemos conversar e pensar juntos.

Retomo aqui a fala da Ana Lucia Panachão na aula inaugural deste mesmo curso, que abordou como a luta antirracista tem convocado a psicanálise e as instituições psicanalíticas a repensar questões teóricas, clínicas e institucionais, e como o Departamento de Psicanálise vem trabalhando por uma psicanálise antirracista, mais democrática, construindo políticas de reparação e ações afirmativas.

Uma boa definição de ação afirmativa está em Derrida num diálogo com  Roudinesco: “Ações afirmativas são políticas de reparação instituindo tratamento preferencial em favor daqueles mesmos grupos de humanos vítimas de injustiça. Essa política repousa na ideia de que, para reparar uma desigualdade, convém valorizar uma diferença contra outra diferença”. [4]

Parto de uma posição que reconhece e apoia as reivindicações representativas dos movimentos e lutas identitárias, que reconheço como movimentos por emancipação: são, de fato, reivindicações legítimas, necessárias, urgentes.

Além disso, os movimentos por emancipação, como o feminismo, o movimento negro e outros, que podemos chamar de contracoloniais[5], produzem, muitas vezes, um efeito que é a ressignificação de narrativas – coletivas e singulares – dos grupos ditos minoritários (que, somados, são a maioria) e dos grupos hegemônicos.

Reconhecer e apoiar estes movimentos não impede e sim nos convida a estarmos atentas/os aos riscos das bolhas identitárias quando se cristalizam ou fanatizam – como as “câmaras de eco”[6] das redes sociais, nas quais as pessoas só se relacionam com quem pensa igual a elas.

É preocupante e tem sido alarmante os discursos de ódio, polarizados, nos quais o outro se transforma rapidamente num inimigo a ser destruído. Percebemos, de fato, a rapidez com que qualquer debate ou discussão podem cair numa disputa polarizada e ofensiva, em que se perde a possibilidade de um pensamento mais complexo com espaço para dúvidas, uma conversa mais reflexiva, porque para isso é preciso tempo e é preciso alguma abertura, alguma permeabilidade ao outro, à alteridade, ao diverso.

Tempo e abertura para pensar a complexidade “das patologias da alteração do eu” também no que elas denunciam do mal-estar atual produzindo modos de subjetivação e dessubjetivação (dentro desse sistema neoliberal-colonial-patriarcal) marcados por fragilidade narcísica e precariedade nos laços sociais e nos ideais coletivos.

Na clínica, percebemos tanto o risco de colapso e fragmentação do Eu como o risco de enrijecimento e cristalização defensiva do Eu como situações clínicas que exigem um manejo cuidadoso por parte do analista. Isso aparece também nas manifestações sociais, as posições identitárias mais enrijecidas, identidades que definem o sujeito sem muita flexibilização e, por outro lado, os sujeitos superfluidos, as transidentidades, as escolhas transitórias: “o que eu penso hoje pode mudar amanhã, o que eu gosto também”, ou seja, por vezes, o Eu parece não se ancorar. Aqui proponho não olhar precipitadamente como psicopatologia, mas como modos de subjetivação, que podem ou não se manifestar como sofrimento psíquico e patologias.

Para adentrar nessa questão (e, nesse recorte, a identidade) minha proposta é trabalhar os conceitos de Eu ideal e ideal do Eu.

Constituição do eu, Eu ideal e Ideal do eu

Freud diz que o Eu não está organizado desde o início da vida, que o eu se constitui. No Projeto (de 1895) o Eu aparece como uma primeira organização /integração das excitações dispersas que atuam no aparelho psíquico; uma função defensiva contra o acúmulo de excitação no aparelho psíquico para evitar o desprazer.

No texto Sobre o narcisismo, o Eu é tomado como objeto de amor, há um investimento libidinal sobre si mesmo, uma captura amorosa do sujeito pela imagem unificada de si. Freud diz que “é necessário um novo ato psíquico” para que se passe do autoerotismo (as pulsões autoeróticas dispersas e anárquicas) para o narcisismo (imagem de si unificada investida libidinalmente), e que esse movimento é atravessado pelo fora: o olhar do outro antecipa uma imagem unificada de si – “esse sou eu”. Essa primeira representação de si é a imagem corporal, o eu corporal.

 Em 1923, no texto “O Eu e o Isso”, quando o Eu já está formulado como instância psíquica na segunda tópica, Freud diz duas frases conhecidas sobre o mecanismo da identificação: que o Eu se constitui “a partir de identificações que tomam o lugar de investimentos abandonados pelo isso” (1923, p. 64) e que “o caráter do Eu é um precipitado de investimentos objetais abandonados e que ele contém a história dessas escolhas de objeto” (p. 44).

A identificação, esse mecanismo psíquico inconsciente, não tem um caráter totalizante, de conclusão, falamos em identificações com traços dos objetos. Mas é interessante pensar que existem identificações que têm um aspecto mais global, mais totalizante talvez, como a identificação primária e a narcísica, assim como existem outras que são parciais.

A identificação primária deve ser compreendida como uma alegoria, uma precondição mítica que se refere ao mito do pai da horda primeva, que é morto e devorado pelos filhos. Freud fala em identificação com os pais da pré-história pessoal. Identificação aqui pensada como incorporação oral.

As identificações secundárias edípicas reforçam a primária, mas são traços dos objetos, e constituem essa trama identificatória do sujeito que forma e transforma as instâncias psíquicas.

As identificações narcísicas seriam secundárias pois se diferenciam da primária- mítica, ao mesmo tempo que também se fala em incorporação, pois são resultantes do processo de perda de um objeto investido narcisicamente e incorporado (melancolia). Garcia-Roza[7] fala em identificação narcísica primária e secundária,  articulando-as com narcisismo primário e secundário

A identidade, essa unidade do ‘Eu sou’, corporal, imaginária, sensorial e representacional seria, portanto, uma trama das marcas identificatórias, e, desde as primeiras marcas desse registro, está o Outro e os enunciados formulados pelos outros significativos (aqueles de quem a criança depende), que darão alguma consistência aos “enunciados identificatórios” (Bleichmar)[8] ao definirem a identidade atribuída – as afirmações que dizem quem alguém é. Identidade então pensada como construção variável (Butler) e permeada pela alteridade.

O que queria abordar é que esse Eu do narcisismo, Eu–representação, é um conjunto de representações (enunciados, imagens, afetos) no qual o sujeito é visto como uma unidade (Bleichmar). “Algumas (representações) podem ser globais. Ou seja, abarcam a totalidade da identidade, como a imagem corporal ou algum enunciado identificatório, que é uma identidade atribuída pelo outro “você é lindo/você é corajoso/ você é bravo…” e outras representações são parciais, como a representação de um traço físico, uma habilidade, por exemplo. (Hornstein, p. 12). As representações narcisistas são aquelas que têm a perspectiva de valoração dos julgamentos acerca de si (Bleichmar). Em algumas situações, quando uma representação falha, fracassa, pode ocorrer um salto no qual uma representação vira uma premissa universal – “fracassei nisso, portanto não tenho nenhum valor”. Esse efeito generalizante e totalizante me faz pensar no segundo tempo do Édipo segundo Lacan.

No primeiro tempo, de simbiose mãe-bebê, a figura é da mãe fálica e o bebê é o falo, aquele que preenche o desejo materno; daí o segundo tempo, no qual o bebê sente que não é o falo e, portanto, alguém o é (pressentimento), e nesse momento: se você não é, e o outro é, isso configura um colapso narcisista (Bleichmar), o “tudo ou nada”, ou sou amado e valorizado ou odiado, inexistente… “não há categorias intermediárias” (Hornstein)… é somente no terceiro tempo que o falo é simbólico, ou seja, ele circula, se tem, se perde, se troca, numa lógica de intercâmbio, e não mais de tudo ou nada. Mas esses tempos não são fixos, o sujeito pode transitar por esses tempos lógicos, como em momentos mais regressivos.

A fase do espelho – esse momento do primeiro tempo edípico no qual a criança se identifica com a imagem idealizada, o Eu ideal – já costura o eu e o outro na constituição do sujeito, marca a inscrição da alteridade no aparelho psíquico. A alteridade, esse fora ao qual Freud se refere, é desde o olhar e desejo do outro que antecipa um sujeito idealizado no bebê, como o desejo do outro que escapa, que olha para fora, que é atravessado por outros objetos e outros desejos. Podemos pensar aqui na passagem do registro do Eu ideal para o ideal do Eu, que lança o sujeito para um projeto de futuro: o ideal está fora, adiante.

No texto Sobre o narcisismo, Freud discrimina o Eu ideal e o ideal no Eu, ainda que nas traduções apareçam um tanto indiscriminados; Garcia-Roza escolhe a seguinte citação de Freud (p. 51):

“sobre esse Eu ideal recai agora o amor de si mesmo desfrutado na infância pelo Eu real. O narcisismo surge deslocado para este novo Eu ideal que, como o infantil, encontra-se de posse de todas as perfeições valiosas.”(…) O ser humano, que não quer renunciar a essa satisfação narcísica, busca recuperá-la na forma de um ideal de Eu: ‘o que projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido da infância, na qual ele foi seu próprio ideal’”  (Freud, 1914).

Bleichmar vai salientar esse aspecto, que o Eu ideal é um estado de apaixonamento no qual o bebê é tudo para seus pais assim como seus pais para o bebê. Nesse registro, a crítica deixa de funcionar e o ser amado se apresenta como total, completo, ideal, perfeito. Então, o Eu ideal é um efeito de um discurso apaixonado. O que Freud chama de idealização. É essa incondicionalidade da admiração que constrói o Eu ideal, há um “deslocamento da valoração desde o atributo idealizado até a totalidade da representação do sujeito”. – uma “plenitude imaginária, a soma de todas as perfeições”.

O ideal do Eu é algo externo, (o “de fora”), uma exigência do mundo, do Outro, da cultura… E sempre um aspecto parcial. O exemplo que Bleichmar dá é do campeão olímpico que é o melhor daquela categoria x, ou seja, ele encarna o ideal mas não constitui um Eu ideal, pois o ideal se conservou fora mesmo que, nesse momento, nele. Um instante de triunfo.

Esse movimento do Eu ideal ao ideal do Eu aponta a inscrição da alteridade (a travessia do Édipo): algo, fora do Eu, desperta, captura, movimenta o desejo da mãe/outro. Diante da perda de uma onipotência primária, o Eu em constituição almeja reconquistar esse amor e esse olhar do outro através das exigências de um ideal do Eu, o qual abarca “as representações culturais e os imperativos éticos transmitidos pelos pais”.

Pensando nesse fora, nessa alteridade, alguns traços identificatórios podem carregar ambivalências, valoração ou/e desvaloração. Pensando nos marcadores identificatórios dos movimentos feminista e negro, por exemplo: O que representa nascer mulher em determinada cultura? Em determinada família? O que representa nascer negro em determinada cultura e determinada família? Como essa família, na qual esse bebê nasce, é representada em sua cultura? É um lugar valorizado, positivado ou desqualificado? Como isso afeta a constituição do Eu, dos ideais?

Vou retomar o pensamento do Bleichmar: ele propõe pensar na lógica dos discursos para diferenciar o Eu ideal do ideal do Eu: “O discurso totalizante busca restituir o Eu ideal, registro no qual não opera a castração simbólica: ora o Eu é idealizado como tudo, ora o outro é idealizado como completo. Há uma equiparação da parte com o todo, o discurso passa a ser equivalente à realidade e não um ponto de vista sobre ela. Há uma homogeneização e um congelamento das significações, no qual encontramos a primazia absoluta de um único sentido sobre o significante.

Diferente do discurso totalizante, o discurso discriminante se constitui a partir do ideal de Eu e não se pretende como total e completo. Carregando a possibilidade de um não-saber, do saber incompleto, tornando-se permeável, aberto para trocas, ele se testa na realidade e, portanto, é suscetível a se afetar e a se transformar a partir do encontro com o outro, numa lógica de intercâmbios.

Essas duas modalidades distintas de organização discursivas não são estanques, ou seja, um sujeito muitas vezes oscila entre essas duas posições subjetivas”[9].

Associando com esse movimento, com essa oscilação de posições, me remeto ao  termo proposto por Thamy Ayouch[10], transidentidades – ou seja, as identidades em trânsito, que Mara Caffé usa para pensar o momento atual, no qual as identidades parecem mais permeáveis e mutáveis no decorrer da vida – tanto no campo das relações amorosas, de gênero, das profissões… e ressalta que esse efeito trans muitas vezes provoca uma reação de radicalização dos discursos de ódio, o racismo, os sexismos, os preconceitos de gênero, de classe social.

A ideia de transidentidades parece ir quase na contramão da ideia de identitário ,que evoca uma categoria ou um marcador de uma identidade. Podemos supor então que quando ocorre um enrijecimento do Eu numa representação global e narcisista de si estamos num registro do Eu ideal, do discurso totalizante?

Nesse registro totalizante, passional e previsível, o discurso de ódio pode se manifestar tomando a alteridade como uma ameaça narcísica. Bleichmar fala no texto de um tipo de demanda de reconhecimento que seria o desejo de ser reconhecido como um Eu ideal (p. 87) onde não há exigência de exclusividade, mas a pertença a um grupo que se constitui como Eu ideal (“nós somos”, compartilhamos essa identidade). O Eu se satisfaz enquanto houver fusão com o grupo idealizado, remetendo ao que Freud elabora em Psicologia das massas e Bleichmar identifica nos exemplos da megalomania familiar, da crença em raça superior ou povo escolhido. Aqui ele levanta algo interessante para pensar nos grupos identitários quando se tornam fanáticos e fechados aos intercâmbios com a diversidade. Mas também me pergunto sobre outros efeitos subjetivantes e reparadores que pertencer a um grupo que tem uma identidade valorizada pode produzir, principalmente nos grupos chamados de minoritários. Pensando no movimento feminista (que se aproxima do LGBTQIA+ no que se refere às questões de gênero) e no movimento negro, como isso tem sido debatido, abordado e experimentado?

Diversas autoras/es escreveram sobre as marcas do racismo na subjetividade (Neusa Souza, Fanon, Lelia Gonzales, Isildinha Nogueira, Grada Kilomba, entre outros) e levantaram questões impactantes para pensarmos, por exemplo:  como se forma o ideal do Eu de uma criança negra numa cultura racista na qual o ideal hegemônico é branco? Que efeitos psíquicos isso tem? E na criança branca, identificada com esse ideal, que efeitos isso produz?[11] Emiliano David fala sobre isso e aponta a importância do coletivo nos processos de reparação simbólica e subjetiva. Ele diz que participar da militância no movimento negro, por exemplo, assumir uma identidade negra coletivamente, pode produzir um efeito restaurador nos ideais, um efeito de ressignificação e talvez alguma reordenação nas tramas identificatórias.

Concluindo a aula e abrindo questões para debatermos:

Lembrei de duas situações que escutei recentemente, uma menina de quase 20 anos que participa de uma reunião da frente antirracista da escola em que ela estudou e diz que se reconheceu negra só no fim do Ensino Médio, quando então “descobriu sua identidade”. “Sou negra”. Ela me remeteu aos slams (batalhas de poesia) pela força da autorrepresentatividade performática da poesia falada, ou seja, um efeito subjetivante ao ocupar esse lugar de fala e recuperar a própria identidade num lugar de valoração. Essa declaração de identidade, segundo Mbembe[12], subverte os sentidos aplicados pelo colonizador ao racializado.

A outra fala escutei numa mesa FLAPPSIP que contava de uma cientista que estava num evento e alguém disse para ela, “você, como mulher negra”… reconhecendo o lugar de fala dela; mas ela disse, “olha, aqui eu estou como uma cientista”. Ou seja, a marca identificatória, a identidade que a estava representando naquele contexto, e pela qual ela queria ser reconhecida, era outra.

Mas sabemos que os marcadores de raça e gênero estão sempre visíveis e produzindo efeitos. Efeitos que podem ser muito graves, como indicam os números obscenos do feminicídio e do assassinato de meninos e homens negros. Ou no que aconteceu recentemente no Rio Grande do Sul, essa tragédia anunciada, quando começaram a ocorrer abusos de meninas e mulheres nos abrigos! Debora Diniz disse exatamente isso: “é sabido que qualquer emergência em saúde pública, desastre ambiental ou conflito armado demanda respostas com lentes de gênero”. Afinal os corpos não são tratados da mesma forma.

Concluo trazendo essa hipótese para refletirmos: que assumir uma identidade racial ou de gênero pode ser necessário para os processos de reparação e emancipação, e “para nomear devidamente as violências cometidas”[13]. E que questionar as categorias identitárias não significa dispensá-las, mas manter o campo de tensões aberto e em movimento. Afinal, como afirma Butler[14], toda identidade é um “conjunto provisório de exclusões” portanto abarca uma disputa política permanente.

__________

[1] Aula conjunta para o 1º e 2º anos do curso Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, realizada dia 21/05/2024.

[2] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrante da equipe do curso Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea e do grupo O feminino e o imaginário cultural contemporâneo.

[3]  Ao falar em conceitos em disputa, é potente pensar nos conceitos como vivos, em movimento, tal como diz Mara Caffé ao sublinhar que os conceitos não são “entidades ontológicas imutáveis”, mas que são “realidades voláteis” e mais do que isso, “ações estratégicas sobre o mundo”. Ou seja, conceitos não são neutros. M. Caffé, “Norma e subversão na psicanálise: reflexões sobre o Édipo”, Percurso n. 60.

[4] J. Derrida; E. Roudinesco, De que amanhã: diálogo, p. 39, grifo meu.

[5] Como propunha o filósofo, ativista e líder quilombola Antonio Bispo dos Santos, o Nego Bispo.

[6] O povo contra a democracia, Yasha Mounk. São Paulo: Cia das Letras.

[7] Garcia-Roza, L. Introdução à metapsicologia freudiana 3 (Capítulo 1 – Narcisismo). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

[8] Bleichmar, H. O discurso totalizante. In O Narcisismo – estudo sobre a enunciação e a gramática inconsciente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981.

[9] Albuquerque, H. Silva,M. Setubal, T. e Melo, V. Subjetividades em trânsito, In Feminismos em trânsito. São Paulo: Zagodoni: 2022.

[10] Caffé, M. Identificação e transidentidades: noções para uma psicanálise intergênero e inter-racial.  Revista Percurso n. 66.

[11] David, E. Por uma psicanálise antirracista: a psicanálise na encruzilhada, Emiliano de Camargo David, Patricia Villas-Bôas & Lívia Santiago Moreira. In: A psicanálise na encruzilhada: desafios e paradoxos perante o racismo no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2021.

[12] Pois há uma imposição da identidade pelo colonizador. https://jacobin.com.br/2022/02/identitarios-sao-os-outros/

[13] Antônio Alvez, https://revistacult.uol.com.br/home/pardo-lugar-e-nao-lugar/

[14] Butler, J. Corpos que importam – os limites discursivos do sexo. São Paulo: Edusp, 2007.

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