Psicanálise e Literatura: Surrealismos*
O Inconsciente como fonte da criatividade
por Luis Fernando Santos[1]
[André Breton] em seu hospital de malucos está tocado e horrorizado ao ver pacientes
que são melhores poetas do que ele.
Théodore Fraenkel, amigo de Breton, em seu diário[2]
Ao chegar em Viena em 1921, André Breton, então com 25 anos, ficou dias rondando a casa de Sigmund Freud na Berggasse 19 sem coragem de tocar a campainha; alguma coisa o segurava. Havia ido à Áustria com o firme propósito de encontrar um ídolo, aquele que sua vanguarda surrealista com Dalí e companhia elegeria, à revelia de Freud, como uma espécie de patrono sagrado.[3]
Tendo estudado medicina e feito residência em psiquiatria, Breton esperava que o velho Freud, então com 65 anos, o recebesse como um colega, não exatamente para discutir casos, mas sim arte, a arte que, pouco mais de três anos depois, Breton conceituaria como surrealista, em seu primeiro Manifesto surrealista, ainda hoje um de seus mais influentes e conhecidos trabalhos.
Ao escrever o Manifesto de 1924, Breton já tinha como referência mais de cinco anos de pesquisa com o que ele então nomearia surrealismo. Testes e brincadeiras com palavras e poesia, textos escritos com a técnica da escrita automática e outros jogos pretensiosos/despretensiosos: tudo virava matéria de experimentação para ele e o grupo de jovens amigos que orbitava ao seu redor, como Aragon e Éluard. O preferido entre os amigos, Jacques Vaché, invadia ônibus em Paris para anotar, metodicamente, as datas de nascimento dos passageiros ou tocava campainhas de prédios para perguntar aos porteiros se “um tal Jacques Vaché” ali morava.
Todos esses exercícios aparentemente rebeldes e despropositados tinham um objetivo muito claro para o grupo: acessar uma camada de criatividade que se situava abaixo e aquém da gerência egoica, uma capacidade de enxergar mundos que só eram possíveis de serem vistos sem a interferência censória da consciência e da racionalidade. Isso fica claro na definição de surrealismo de Breton, publicada no primeiro Manifesto:
surrealismo, subst. Automatismo psíquico em seu estado puro, através do qual pretende-se expressar verbalmente, através de palavras escritas, ou de qualquer outra maneira o funcionamento verdadeiro do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de qualquer controle exercido pela razão, desprovido de qualquer preocupação estética ou moral.
encicl. Philos. O surrealismo é baseado na crença da superioridade de certas formas de associações antes negligenciadas, na onipotência dos sonhos, na brincadeira desinteressada do pensamento. Tende a arruinar, de uma vez por todas, todos os outros mecanismos psíquicos e substitui-los na tarefa de resolver todos os principais problemas da vida.[4]
É arrebatador constatar que a definição de surrealismo de Breton poderia ser a definição do que é a associação livre! Se deixarmos de lado a megalomania idiossincrática do escritor (“resolver todos os principais problemas da vida” é algo que, definitivamente, nunca esteve no horizonte de tarefas da psicanálise), poderíamos imaginar, “brincar”, que o texto havia sido escrito pelo psicanalista.
A preponderância dos mecanismos do sonho, a ausência de consciência, controle, razão para acessar “a verdade” (criativa ou do sintoma), a investigação da superioridade de um outro mundo a-estético e a-moral: todos elementos basilares das pesquisas de Freud e Breton. Podemos pensar que Breton pedia a seus colegas surrealistas a mesma coisa que Freud pedia a seus pacientes: crie/fale livremente, sem preocupação com nenhum sentido; conte o que vier à cabeça, mesmo que – ou especialmente se – parecer desimportante.
A coincidência não é por acaso. A obra de Freud apenas começava a ser traduzida na França do início da década de 1920,[5] mas Breton estava ciente das descobertas freudianas, que circulavam em francês através de comentadores imprecisos mas suficientes para que os surrealistas alçassem Freud a seu santo padroeiro.
O encontro entre Freud e Breton
Foi nesses termos identificatórios que Breton pisou em Viena em 1921; a ansiedade e hesitação em bater à porta de Freud era daquelas que antecedem o encontro com um ídolo pop, alguém que nos entende mais que nós mesmos. Ele enxergava uma relação tão grande entre a psicanálise e a análise de sonhos freudiana e seus métodos artísticos de escrita e discurso automático como construção poética que nem chegou a colocar em questão se Freud iria se interessar por ele. Buscava um parceiro-cientista que, como ele, estivesse interessado em estudar o núcleo da criatividade humana, aquele sem-limites de criações imagéticas que apareciam nos sonhos, quando a consciência era posta de lado.
O encontro se deu no dia 9 de outubro de 1921 e foi tão frustrante que Breton o remoeria, amargo, pelo resto da vida. Ele foi recebido por um médico cético, que o considerava apenas um jovem artista, apressado para encerrar a conversa e atender seu próximo paciente.
O que explicaria um desencontro tão radical entre esses dois homens, que dedicaram a vida a estudar o mesmo tema, mesmo que por perspectivas diferentes? Em psicanálise lidamos a todo o momento com o paradoxo e este é mais um que teremos que suportar: o interesse aparente de Freud e Breton pela verdade do inconsciente não se reverteu em um encontro intelectual e emocional prolífico. Mas podemos esboçar alguns pensamentos.
Penso que Freud, apesar de ter inventado a quintessência do século XX (o homem conflituado, que “não é senhor na própria casa”), era um homem formado no século XIX, um homem clássico, que leu e lia clássicos – mais um paradoxo, a psicanálise como ápice e ocaso da modernidade. Freud foi crítico e passou a vida a inovar, mesmo quando suas ideias implodiram pilares inteiros da sociedade ocidental, como as ideias de produtivismo, objetividade etc. Mas ainda assim era um defensor por tabela do processo civilizatório, considerava a neurose benigna como condição para a existência e a prosperidade da sociedade. Já Breton, 40 anos mais jovem, tendo servido na Primeira Guerra como médico (e, posteriormente, expulso da França durante a Segunda Guerra), me parece que tinha muito mais fôlego e vontade de encarar um projeto de implosão civilizatória e artística. O surrealismo queria construir uma literatura que não fosse literatura, que não tivesse autor. Seu biógrafo relata a frustração de Breton em escrever, escrever, escrever e terminar insatisfeito e atordoado, porque havia produzido exatamente aquilo que não queria: literatura.
Na época do encontro entre Freud e Breton, as pesquisas em psicanálise ainda se ocupavam bastante de entender e descrever o acontecer[6] psíquico. A outra hipótese pode ser a de que a pesquisa psicanalítica com relação à criatividade ainda era muito incipiente e não tinha o fôlego que ganharia um par de décadas depois com psicanalistas como Wilfred Bion e Donald Winnicott. Do meu ponto de vista, os acontecimentos políticos do desenrolar do século XX em especial a falência civilizatória da Segunda Guerra incitariam a pesquisa psicanalítica para além de sua perspectiva médico-terapêutica, aproximando-a da filosofia, de uma investigação sobre a vida viva, numa abordagem positiva da epistemologia psicanalítica. O sujeito voltaria a ser pensado em conexão com um todo. Winnicott, por exemplo, escreveria como um cuidado materno primário adequado, que fomentasse o desenvolvimento individual, engendrava um bebê que, crescido, cuidaria de volta desse ambiente, pré-condição para a existência da democracia.
É um discípulo de Winnicott que vale a pena ser citado para finalizar essa discussão: o psicanalista estadunidense formado em Londres Christopher Bollas.[7] O desdobramento de uma criatividade psíquica intrínseca a cada indivíduo está no cerne das teorias de Bollas. Havendo condições suficientemente boas para o desenvolvimento dessa criatividade potencial o indivíduo experimentaria sentimento de realização. A possibilidade de ir intuindo esse caminho individual autoral seria o caminho da saúde psíquica para Bollas. Faz parte dessa intuição que o inconsciente proteja da consciência também as ideias criativas, as perspectivas autorais com que o mundo poderia ser enxergado para o desdobramento de potencialidades inerentes; protegeria-as do crivo do recalque, da intromissão adiantada e censória da consciência. Me parece que Breton não poderia concordar mais!
Freud e a literatura
Mas o paradoxal desencontro entre Freud e Breton não significa que a psicanálise não esteve ligada às artes desde o primeiro momento, com um especial destaque para a literatura. Freud foi um homem que tinha lido todos os clássicos, citou Shakespeare e Goethe em diversos momentos em seus textos científicos e, lembremos, sua principal teoria é inspirada e nomeada por uma obra literária Édipo Rei, de Sófocles não por um achado “científico”.
Na verdade, Freud guardava um lugar nobilíssimo para a literatura na epistemologia psicanalítica, como não deixa dúvidas a seguinte passagem de seu extenso comentário sobre o romance Gradiva, de Wilhelm Jensen, que lhe foi apresentado por Jung:[8]
Os escritores são aliados valiosos e seu testemunho deve ser altamente considerado, pois sabem numerosas coisas do céu e da terra, com as quais nem sonha a nossa filosofia. No conhecimento da alma eles se acham muito à frente de nós, homens cotidianos, pois recorrem a fontes que ainda não tornamos acessíveis à ciência.[9]
Tornar a literatura uma fonte acessível à ciência: essa era parte do projeto epistemológico psicanalítico. É com esse espírito que as mesas de discussão do ciclo foram pensadas: pessoas da literatura e psicanalistas, dividindo uma mesma pesquisa a partir de obras literárias “surrealistas”.
Entre aspas, porque pensamos aqui em surrealismos, no plural – não são obras produzidas durante esse espaço e tempo determinados (França/Europa, primeira metade do século XX) em que um grupo dos mais diversos artistas orbitou em torno de André Breton. Não formalmente surrealistas, mas dizendo de surrealismos, de maneiras de enxergar mundos diferentes, criar e selecionar camadas novas de realidade, tão ou mais valiosas que uma pretensa realidade objetiva. Como diz Manoel de Barros, só dez por cento é mentira. O resto seria inventado; a diferença? – é que “a invenção é uma coisa que serve para aumentar o mundo”.[10]
O Ciclo
O ciclo de debates sobre psicanálise, literatura e surrealismo aconteceu na Biblioteca Mário de Andrade, em agosto de 2024, em que psicanalistas e comentadores de literatura se uniram em mesas que procuramos montar a partir de uma obra literária e de um “disparador”, um tema, que pudesse enquadrar minimamente a discussão em meio à infinidade de assuntos e leituras possíveis que cada obra traria.
Iniciamos o ciclo com o livro mais importante da vida de André Breton, Os cantos de Maldoror**, de Isidore Ducasse, que assina como Conde de Lautréamont. Podemos pensar que Breton inventou o surrealismo tendo este livro numa mão e os trabalhos sobre os sonhos de Freud na outra. Breton comentaria e celebraria essa obra durante praticamente toda a sua vida. Um livro tão arrebatador quanto misterioso.
Sabe-se quase nada sobre a breve vida de Isidore Ducasse.[11] Ele era o filho de um diplomata francês, nasce em 1846 em Montevidéu, perde a mãe muito cedo e vai para a França aos 13 anos para estudar. Morre em 1870, aos 24 anos, de maneira misteriosa.
Sobre o livro, o que se sabe é que ele o escreve entre 1868 e 1869, provavelmente de maneira vertiginosa. O livro só é publicado quatro anos após a sua morte. É impossível definir o livro, mas podemos dizer que é um texto todo recortado, conjuntos e conjuntos de cenas sobrepostas, às vezes difíceis de acompanhar – um sonho?
Poderíamos dizer que é delirante, um delírio. É uma cruzada contra o homem, contra Deus e contra o próprio autor, escrito por alguém sem esperanças na humanidade, na divindade e em si mesmo. Nesse ponto podemos identificar muitos elementos schreberianos, num mundo quebrado, com homens indignos e um Deus louco, que aparece às vezes sentado num trono de fezes humanas, às vezes jogado na rua, bêbado.
O livro é uma desconstrução de todo tipo de apoio civilizatório, de toda crença num mundo que poderia fazer sentido. Mas também uma espécie de criação de um outro sentido, de uma outra beleza, que guiou os surrealistas desde o início.
Num dos trechos mais famosos, já no sexto canto, Maldoror fala apaixonado da beleza de um garoto jovem, Mervyn, numa declaração de amor que definiria o que era o belo para os surrealistas: “És belo […] como o encontro fortuito, sobre uma mesa de dissecação, de uma máquina de costura e de um guarda-chuva”.
Mas talvez o elemento que mais chame a atenção, que foi o escolhido para ser comentado, é uma agressividade homoerótica que aparece em diversas passagens. Cenas de tortura contra meninos jovens, narradas com detalhes, são constantes no livro, um fluxo erótico e agressivo no qual nos vemos mergulhados. Tortura e amor, lado a lado.
Há diversas cenas de tortura: um náufrago nadando pela vida, um homem num prostíbulo, e mesmo Mervyn, que é torturado no final do livro. Essa sexualidade masculina agressiva, que gera ao mesmo tempo atração e repulsa, esse Unheimlich, foi tema da discussão da mesa.
O ciclo seguiu-se com Gradiva, de Wilhelm Jensen, outro livro pré-surrealista adotado por Breton e companhia. Uma história de sonhos e delírios, em que o personagem principal é acolhido em sua loucura por sua interlocutora, que opera nele uma espécie de cura, de acordo com a leitura de Freud. A título de curiosidade, Gradiva foi o nome dado por Breton a uma galeria de arte que abriu em Paris no final da década de 1930.
Continuamos com Na casa dos sonhos, de Carmen Maria Machado, um romance autobiográfico sobre um relacionamento lésbico abusivo vivido pela autora. Qual a relação entre a escrita do trauma e sua superação? Esse foi um tema que apareceu em mais de uma mesa do ciclo.
Em seguida, o delicioso Cinquentenário da histeria, de Breton e Aragon, publicado numa edição da revista Revolução surrealista. O texto diz muito da escrita desaforada e elegante de Breton, uma celebração da histeria como estética e uma (de diversas) afrontas à Freud.
Em termos de visões alternativas de mundo, talvez seja muito difícil fazer frente ao pensamento dos povos originários da América do Sul. No pequeno livro infanto-juvenil de Olívio Jekupé, A mulher que virou urutau, o autor nos conta a história da índia que se apaixonou pelo lua (no masculino), mas recusou-se a casar com ele ao vê-lo transmutado no corpo de um velho. Como punição, ela é transformada num urutau, um pássaro que ninguém vê, pois é idêntico a um tronco de árvore; podemos apenas ouvir seu canto à noite, lamentando-se para o lua.
Breton e seus seguidores tinham um dispositivo de criação que eles chamavam de cadáver saboroso: um texto escrito a diversas mãos, de maneira automática, muitas vezes sem que o autor do parágrafo seguinte tivesse sequer lido o anterior. A experiência da escrita de A história dos meus dentes, de Valeria Luiselli, é parente desse método de criação. Luiselli é a autora do romance, mas conta com dezenas de co-autores: trabalhadores de uma fábrica de sucos com quem se correspondeu e de quem recolheu imagens e histórias que costura ao livro.
Seguimos com mais uma auto-ficção, Mudar: método, de Édouard Louis, um emocionante re-contar de sua infância numa pequena cidade da França, infância atropelada pela pobreza e pelos insultos homofóbicos. Mas é ainda na escola que o autor decide criar uma nova história para si, não ser mais Edy, mas Édouard, um escritor. A literatura, impressionantemente, aparece não só como a fuga de um papel social, mas também de um lugar econômico ao qual estava destinado pela desigualdade e pelo lugar onde nasceu. A escrita é de uma sinceridade potente que tenta reconstruir uma trajetória de estudos, meias-verdades, prostituição; elementos de uma recriação, reinvenção da própria vida.
O ciclo termina de forma apoteótica com Livro sobre nada, de Manoel de Barros, um criador de mundos imaginários, de brinquedos feitos de palavras. Alguém para quem “tudo que não invento é falso”.
Programação
Com um grande agradecimento a todos os participantes das mesas, segue a programação completa do ciclo, cujos vídeos estarão disponíveis no canal do YouTube da Biblioteca.
A agressividade e o homoerotismo
Obra: Os cantos de Maldoror – Conde de Lautréamont
com Christian Dunker e Alexandre Patrício
mediação de Luis Santos
Sonho, delírio e arte: aproximações entre a psicanálise e o surrealismo
Obra: Gradiva, de Wilhem Jensen
com Pedro Heliodoro e Sílvia Nogueira de Carvalho
mediação de Rodrigo Veinert
Repetição e trauma
Obra: Na casa dos sonhos, de Carmen Maria Machado
com Tatiana Pequeno e Aline Rocha
mediação de Gabriela Soutello
Toda beleza será convulsiva: a estética da histeria
Obra: Cinquentenário da histeria, de Breton & Aragon
com Gustavo Henrique Dionísio e Paulo Jeronymo Pessoa de Carvalho
mediação de Mario Sagayama
Etnopoéticas ameríndias
Obra: A mulher que virou urutau, de Olívio Jekupé
com Malu Brant, João Pentagna e Cristino Wapichana
mediação de William Figueiredo
+ apresentação musical de Coral Guarani
O Cadáver saboroso e a narrativa do inconsciente
Obra: A história dos meus dentes, de Valeria Luiselli
com Tatiana Furquim do Prado Valladares e Giovana Bartucci
mediação de Aryanne Rocha
Autoficção, a narração do eu e a reconstrução da identidade
Obra: Mudar: método, de Édouard Louis
com Taís Bravo e Eliane De Christo
mediação de Martha Lopes
Fazer brinquedos com palavras
Obra: Livro sobre nada, de Manoel de Barros
com Flávio Ferraz e Rubens Volich
mediação de Astréa Ribeiro
Referências
Freud, S. (1907/2015). O delírio e os sonhos na Gradiva de W. Jensen. São Paulo: Cia das Letras.
Freud, S. (1911/2004). Obras psicológicas completas – Escritos sobre a psicologia do inconsciente. Trad. Luiz A. Hanns. São Paulo: Imago.
Polizzotti, M. (1995/2009). Revolution of the Mind — The Life of André Breton. Boston: Black Widow Press.
Roudinesco, E. (1986/1990) Jacques Lacan & Co. – A History of Psychoanalysis in France, 1925-1985. Chicago: The University of Chicago Press.
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* Texto escrito por ocasião do evento Psicanálise e Literatura: Surrealismos, realizado na Biblioteca Municipal Mário de Andrade em agosto de 2024, que contou com a participação de diversos membros e amigos do Departamento. O evento já está em seu segundo ano e adotou este ano o tema que a Biblioteca trabalhou em toda sua programação, o surrealismo, por ocasião dos 100 anos da publicação do primeiro Manifesto surrealista por André Breton.
[1] Psicanalista pelo Instituto Sedes Sapientiae, correalizador do evento Psicanálise e Literatura: Surrealismos juntamente com Paulina Schmidtbauer. http://luisfsantos.work
[2] M. Polizzotti, Revolution of the Mind — The Life of André Breton.
[3] A descrição completa do encontro de Breton e Freud, bem como seus desenrolares por toda a vida de Breton, está na estonteante biografia Revolution of the Mind — The Life of André Breton, de Mark Polizzotti.
[4] M. Polizzotti, op. cit.
[5] Para mais detalhes sobre a chegada da obra de Freud à França e, como no início da década de 1920 sabia-se pouco e mal sobre ele, ver E. Roudinesco, Jacques Lacan & Co. – A History of Psychoanalysis in France, 1925-1985.
[6] Aprendi com Paulina Schmidtbauer que a melhor tradução para o texto de 1911 é “Formulações sobre os dois princípios do acontecer psíquico”, cf Luiz A. Hanns (2004), Obras Completas de Sigmund Freud – Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente, Ed. Imago.
[7] Uma discussão mais extensa sobre uma leitura bollasiana da criatividade e do surrealismo pode ser encontrada em artigo meu publicado no livro Por que Bollas?, da Coleção Grandes Psicanalistas, da editora Zagodoni.
[8] Mais um desencontro para a nossa lista: no final de seu texto sobre a Gradiva, Freud diz ter enviado uma carta para Jensen, perguntando-o se conhecia sua obra sobre os sonhos. Freud estava encantado com a coincidência entre sua pesquisa científica sobre os sonhos e a criação artística de Jensen. Para sua decepção, Jensen escreveu-lhe de volta dizendo que não sabia do que ele estava falando.
[9]> S. Freud. O delírio e os sonhos na Gradiva de W. Jensen.
[10] A belíssima citação está no documentário Só dez por cento é mentira, de Pedro Cezar, disponível no YouTube.
** Apresento aqui mais longamente o livro Os cantos de Maldoror pois ele foi tema da mesa que tive o prazer de mediar, com os debatedores Christian Dunker e Alexandre Patrício de Almeida.
[11] Devo as informações que se seguem ao professor Joaquim Brasil, que também fez uma tradução d’Os cantos de Maldoror.