Um (re)encontro a partir do livro Mina d’Água 

por Ligia Ungaretti Jesus^[1]

 

Quero escrever uma nota de agradecimento aos presentes no relançamento do livro Mina d’Água^[2], pois foi um evento que me emocionou e encheu de vida. Não sei dizer ao certo o porque saí sentindo esses efeitos em mim, mas tenho algumas hipóteses que colocarei aqui.

Antes dou um pouco do contexto do evento: no dia 28 de setembro de 2024 aconteceu um bate-papo sobre um livro de fotografias que eu organizei a partir do acervo de imagens da Associação Comunitária Monte Azul^[3], uma ONG que atua em diversas frentes há mais de 40 anos na zona sul de São Paulo. A ideia do evento era conversar sobre fotografia, psicanálise e memória, temas que me ocupam muito e dos quais eu teria muito para falar.

Porém a conversa foi por outro caminho, e o que vi foi uma espécie de reencontro entre pessoas que não se conheciam, mas que partilhavam uma história em comum, tanto passada quanto futura. Eu me coloquei como espectadora e vi o livro que eu organizei ser disparador de um resgate de memória não só do bairro onde a Monte Azul atua, mas também um resgate de memória política e muita memória pessoal. Vi gestos de carinho entre desconhecidos, que ali se tornaram velhos amigos por alguns momentos. Testemunhei uma profunda reflexão sobre a atualidade e possíveis caminhos que podem ser tomados a partir do agora, tanto coletivamente quanto individualmente. Em outras palavras, refletimos com seriedade sobre o presente e sonhamos juntos uma história futura.

Assisti a tudo isso, aprendi muito, fiquei lisonjeada por isso se dar em torno do meu livro, que contém tantas outras possibilidades de construção das quais eu não tenho ciência alguma.

Por isso, agradeço a presença tão presente dos convidados ao evento: Renate Keller^[4], Paulo Ignacio^[5] e Fernanda Almeida^[6]. Agradeço também à livraria e café Bibla^[7], que fez esse convite e ofereceu seu espaço tão bonito e aconchegante para esse encontro. E por fim, estendo meu agradecimento a todos aqueles que estiveram presentes no dia.

Espero que o livro Mina d’Água siga vindo a ser coisas novas a partir de novos olhares e que o trabalho da Monte Azul siga presente na história futura.

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[1] Psicanalista e organizadora do livro Mina d’Água. É mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo e aspirante a membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Trabalhou na Associação Comunitária Monte Azul no final dos anos 2000.

[2] Link para compra do livro https://monteazul.lojavirtualnuvem.com.br/produtos/mina-dagua/

[3] https://monteazul.org/pt-br/ – https://www.instagram.com/associacaomonteazul/

[4] Presidente e cofundadora da Associação Comunitária Monte Azul. É pedagoga, arte-educadora, artista plástica e violinista. Na década de 1980 participou do Movimento de Luta por Creches que se transformou na Associação dos Movimentos e Entidades Sociais Conveniadas de São Paulo. Renate é conselheira da Aliança pela Infância e representa a Associação Comunitária Monte Azul na Rede Nacional Primeira Infância – RNPI.

[5] Conselheiro e cofundador da Associação Comunitária Monte Azul, “Seu” Paulo criou a primeira oficina da Associação, a marcenaria, ainda em 1979. Nas décadas de 1990 e 2000, participou da comissão de moradores que liderou o projeto de urbanização da favela (que começou em 1993 e finalizou em 2012), tendo um papel fundamental na articulação com a Prefeitura. Também foi presidente da Associação no início dos anos 1990.

[6] Psicanalista, assistente social e professora de graduação e pós-graduação. Trabalha na Rede Pública de Saúde (SUS) em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD). Aspirante a membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrante da equipe editorial do Boletim online e da Comissão de Reparação Racial e Ações Afirmativas do mesmo Departamento. Integra o projeto Territórios Clínicos da Fundação Tide Setubal.

[7] https://www.instagram.com/bibla.bibla/