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Apresentação pública de Erica Yamaguchi Otsubo ao Departamento de Psicanálise

por Vilma Florêncio da Silva[1]

 

Foi numa atmosfera alegre e agradável, diante de um grande público, que Erica Yamaguchi Otsubo fez a sua primeira participação como membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae ao apresentar um interessante caso clínico inédito. E, interessante também, é o seu percurso como profissional.

Erica iniciou a sua carreira como engenheira da computação, trabalhou por muitos anos nesta área, mas logo percebeu que não era feliz naquele ofício. Ela se sentia “um peixe fora d’água” e este sufoco durou alguns anos, até que, com a ajuda de amigos, pôde reconhecer em si que a sua praia era outra. Fez cursinho e passou na USP em psicologia.

Estudiosa nata, muito curiosa, ávida por descobrir e desbravar novos horizontes científicos, Erica acabou descobrindo a psicanálise e quis muito saber o que “o tal do Freud tinha a dizer.” Então, desde a graduação, começou a estudar a psicanálise e se entregou a esta paixão que, ao longo do tempo, se transformou num grande amor. Ela trabalha em seu consultório particular há 18 anos. Mas, antes atuou como voluntária com mães e crianças em situação de vulnerabilidade social; atendeu pacientes do Hospital das Clínicas em Promoção de Saúde no Projeto Liga da dor; trabalhou no Instituto de Psicologia da USP, atendendo em grupo e individualmente, inclusive no Plantão técnico; também fez atendimentos a pacientes da psiquiatria no processo de ressocialização do antigo Hospital Psiquiátrico Charcot, na zona sul de São Paulo.

Erica fez vários cursos na área hospitalar e quase tomou este rumo, porém, a psicanálise falou mais alto e ela se rendeu ao seu chamado pela sua identificação com a teoria, a técnica e o método, pela sua experiência de análise pessoal, como também pelas várias transferências com professores e psicanalistas, tais como: Paulo Endo; Décio Gurfinkel; Marlene Guirado, Myriam Uchitel e Daniela Danesi. Há alguns anos, participa dos grupos de trabalho e pesquisa “Faces do traumático” e “A cor do mal-estar”, ambos do Departamento. Inclusive, Erica é uma das organizadoras do livro Testemunho e experiência traumática: Trauma em tempos de catástrofe. E, na Clínica do Sedes desenvolveu, junto aos colegas, um trabalho em Saúde Mental que foi de fundamental importância durante a pandemia da COVID-19.

Filha de nisseis e neta de japoneses que desbravaram horizontes, vieram ao Brasil e fixaram residência no interior de São Paulo, Erica conta o quanto foi admirável a coragem do seu avô que, após alguns anos trabalhando num regime de exploração da força de trabalho a que era submetido junto à sua família na agricultura, resolveu abandonar aquela condição praticamente de escravidão e enfrentou os desafios da cidade grande abrindo caminhos para os filhos e netos. Erica também  trabalhou muito, de vez em quando voltava ao mercado de trabalho como engenheira por questão de sobrevivência, sofrendo as dificuldades dos começos como psicóloga clínica, para que uma trajetória junto ao verdadeiro self fosse tecida, e assim, pudesse realizar os seus desejos, principalmente o desejo de ser uma psicanalista. Bem-vinda, Erica!

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[1] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, representante da Comissão de Admissão no Conselho de Direção 2024-2025.

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