Atualização do Mapeamento Territórios Clínicos 2025
por Flávia Muniz Roque[1]
Não é à toa que usamos a frase “botar no mapa” como sinônimo de dar visibilidade e importância. “Mapear” pode ser tanto fazer uma representação gráfica de diversas partes de um todo, quanto relacionar ou sistematizar elementos e informações a fim de evidenciar e localizar o que se propõe a partir de determinada perspectiva. É um instrumento de síntese, que (re)vela em seu conteúdo e estruturação os propósitos daquele que mapeia. Logo, mapear não é equânime, prova-se um ato que não escapa dos atravessamentos do tempo e da razão pela qual se mapeia.
O mapeamento do projeto Territórios Clínicos[2] surgiu do levantamento feito em 2021 de organizações que oferecem formação, supervisão, consultoria e atendimento clínico psicanalítico e/ou psicológico abertos à comunidade. A pesquisa realizada pretendia compreender o que havia de iniciativas atuantes no campo da saúde mental na cidade de São Paulo. Esta desdobrou-se não só na linha de fomento nas quais são apoiados projetos, grupos, institutos e coletivos de diversos territórios através do Edital Territórios Clínicos, como também originou o Mapeamento Territórios Clínicos, referência para consulta on line de organizações, facilitando o acesso da população a esses serviços, além de ser fonte de informações para trabalhadores da saúde, pesquisadores, agentes de investimento social e grupos/coletivos interessados em parcerias.
No final de 2024, mergulhei na tarefa de atualizar o mapeamento com o auxílio da Laís Guizelini[3], que já havia trabalhado no mapeamento em julho e agosto de 2021 e em agosto de 2022, quando uma pequena atualização foi realizada, mas não divulgada. O processo consistiu em revisar cada uma das 96 organizações contempladas na primeira publicação, além de avaliar mais de 130 coletivos e grupos entre inscritos no Edital Territórios Clínicos 2ª Edição e interessados no mapeamento cadastrados pelo site da Fundação Tide Setubal (FTAS) e por fim, uma busca ativa por novas organizações.
Nesta atualização, o mapeamento se expandiu para a Grande São Paulo, dividindo-se em: Clínicas Escola de Universidades, Clínicas de Instituições Psicanalíticas e Coletivos, Grupos e Institutos. No site da FTAS encontram-se 126 organizações cadastradas, com a descrição completa do funcionamento e local, informações sobre o público-alvo e as regiões em que cada uma atua. Está disponível também um mapa da localização das organizações distribuídas pelo território da cidade de São Paulo e adjacências.
Foram 10 meses até a publicação da atualização do mapeamento em agosto de 2025. Uma jornada de muito trabalho e aprendizado, que demonstrou a concentração territorial na região centro-sul de São Paulo quanto ao acesso à psicanálise/psicologia e quanto aos projetos de saúde mental, mas, ao mesmo tempo, evidenciou a existência de um considerável número de grupos/coletivos em territórios periféricos e/ou centro-periféricos de grande potência e significativa importância em seus territórios.
A produção de saber, a pesquisa, a formação e a clínica existente fora do eixo central, atuante na promoção de saúde mental e oferta de espaços de atendimento, acolhimento e escuta, nem sempre são visibilizados pela população e pelos profissionais da saúde. A relevância deste mapeamento é justamente contribuir no debate acerca da centralização territorial e possivelmente estimular a criação de novos projetos e parcerias no campo da clínica social.
Para acessar o mapeamento, clique no link abaixo:
https://fundacaotidesetubal.org.br/iniciativas/territoriosclinicos-mapeamento/
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[1] Flávia Muniz Roque é psicanalista, aluna do Curso de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e integrante da equipe do Projeto Territórios Clínicos.
[2] O projeto Territórios Clínicos faz parte de uma das frentes de atuação da Fundação Tide Setubal voltada à saúde mental, coordenado por Tide Setubal Souza e Silva Nogueira.
[3] Laís de Abreu Guizelini é psicanalista e analista de programas e projetos da Fundação Tide Setubal.