Instituto Sedes Sapientiae

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De vagar

por Sílvia Nogueira de Carvalho[1]

 

Devagar aprendo a deixar de fumar. São agora n cigarros ao dia.

No otimismo da manhã, calculo que vá me ajudar o fato de precisar caminhar logo cedo, em busca da manteiga para o café com pão.

Alcanço a rua e agora sim: encontro inesperada cafeteria na transversal. Ali me sirvo. Café com pão é muito bom.

Insistente é o tabaco que sucede as refeições. Decido caminhar um pouco mais e alcanço a farmácia, em busca de renováveis vitaminas.

Foi quando o fato se deu. De frente pro balcão, de costas pra porta, escuto alguém gritar lá de fora: Ei, você aí!

Giro o corpo entrementes e o homem me grita: Você mesma! Sou morador de rua e o segurança não me deixa entrar. Então traz pra mim uma escova de dentes, uma pasta e um sabonete, que preciso me cuidar. Ah, e se der, aquilo pra chulé…

Na saída, diante da sacolinha verde que lhe estendo, o mais intrigante olhar recebido. Diretamente da Bahia, baby. Contigo vai tudo em paz?

 

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[1] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

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