terça-feira, 04 de outubro de 2016 - 10h32

A velhice estilizada como obra de arte
04 out 2016

A velhice estilizada como obra de arte

O VII Café Filosófico promovido pelo Centro de Filosofia do Instituto Sedes Sapientiae e pelo Instituto Candeias foi realizado em setembro com a presença da Dra. Silvana Tótora, da PUC-SP. Os participantes conversaram sobre a experiência do envelhecimento a partir dos elementos trazidos pela palestrante, que lançou recentemente o livro velhice_01“Velhice: uma estética da existência”, Educ.  Usando com habilidade a “caixa de ferramentas” disponibilizada pela filosofia de Michel Foucault, Silvana problematizou temas que circunscrevem o envelhecimento e a velhice, destacando o quanto diferentes dispositivos e práticas transformam as “pessoas velhas” em formas de vida assujeitadas, em figuras limitadas por  patologias, por condições de vida precárias, vistas como  objetos de medicina privada e sobrecarga previdenciária, como problema para os demais.  Tratou-se do perigo de viver a velhice na perspectiva colonizada da “qualidade de vida”. Recuperando a analítica do poder de Foucault  que afirma “onde há poder há resistências”, tratou-se da velhice como forma de vida que pode desviar-se das identidades produzidas por dispositivos e tornar-se uma existência ética, na qual se afirma a potência da vida mesmo diante das circunstâncias e correlações que envolvem o nosso envelhecimento. As possibilidades de vida criativa tornam-se mais viáveis em modos de subjetivação coletivos, em vidas atravessadas por forças como a amizade e a arte. Recordando Foucault: “O ponto mais intenso das vidas, aquele em que se concentra sua energia, encontram-se efetivamente onde elas se confrontam com o poder, se batem com ele, tentam utilizar-lhe as forças ou escapar-lhe às armadilhas” (texto: “A vida dos homens infames”, 1977).

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